24 fevereiro, 2008

tempo..

que esse dia iria passar era certo, as horas já se mostravam em despedida, era o mínimo a esperar. e amanhã seria um dia tão anterior, tão ultrapassado e vencido, porque de certa forma a vida corria agora ao contrário, na direção errada ou talvez, por meu engano, fosse realmente essa a certa, pois o amanhã não faria sentido algum se tudo o conduzia somente as lembranças, ia sim viver profundamente a esperá-las, depois disso não se sabia o que viria... ou o que foi.

ele vivia ao contrário.

não sabia se o futuro, ou aquilo que chamava urgentemente de passado, traria alegrias semelhantes, só sábia que certa vez no passado, ou aquilo que chamava tão esperançoso de futuro, tinha sido assim. sabia sim, ou sabia vagamente, ou só suspeitava.. ter um dia que admitir não ter acontecido era o que mais temia. era por isso que achava o tempo tão injusto e seco, tão precipitado e cruel, pois ele só precisava passar pra poder mascarar tudo. só o momento exato sabe o gosto que tem, depois você só acha sabores parecidos e pensa que é igual.

foi por isso que vendeu todos os relógios da casa num brechó e pensou um dia encontrá-los sem nunca ter sido usados numa loja de luxo. agora tinha o tempo em suas mãos.



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