18 maio, 2008

aos espelhos

[os de dentro ou de fora]

ao que parece seria um bom sistema, ocorria um pensamento ligeiro antes de cada expressão. era o que tinha a palma da mão e se contentaria por muito tempo nesse ensaio prévio, do que ainda não sabia o quê, mas que esperava. e se de fato esperava deveria sim preparar-se, era a forma de materializar a sua fé. se sentia injusta esperar apenas, sentada quem sabe, e invulnerável. mas ela não entendia isso ainda muito bem, assim como você agora ao que eu digo. e fazia essa mesma cara de desconfiança.

e é disso que tenho me aproveitado.

ela corria ao espelho e montava seu script, com o tom que caísse melhor. e do outro lado a imagem refletida era aos seus olhos a que já vivia o que ela ainda esperava.

esticava as mãos e quase podia tocar. quase.

o espelho era em sua mente e lá ele mora até hoje. era dentro dela, mas ela estava do lado de fora. ainda.

mas ele não reflete, como os espelhos comuns, pois comum não o é.

era tão condizente com o que não vivia, como tão difícil definir o que é.

a vida fingia correr naturalmente, disfarçada de coração batendo à intervalos constantes, mas sabe-se aqui que a vida porque assim parecia andar, não seria ela própria também personagem. o coração acelerava.

e a vida, como bem sabe, é aquilo tudo que você pode ver ao redor, é o que você sabe e até onde sua mente consegue alcançar. mas vou te contar... há muito de vida além, posso te garantir aqui. secretamente.

e o lado de cá, a vida de fato, perdia cada vez mais a sua graça, pois no espelho se refletiam novas imagens que via a si própria já a desfrutar. não essa que vivia, mas aquela do outro lado.

e já não se contentava por sonhar, pois a vida do lado de lá a atraía ardentemente, como essas palavras. mas pôde então entender a mensagem, que poderia então alcançar sendo ela própria o reflexo, não o contrário como tinha pensado até então.

ela já não só via um espelho, como agora já buscava ser. pois nunca o é por completo, mas isso já é o bastante, acredite.

então pôde tocar. finalmente.

e já sabia o que esperava. e o que esperava por ela.

e ainda não mudou toda a vida, pois sabe e consegue ver muitas coisas. a sua vida é grande demais. mas quer mudar a vida de alguns falando de um tal espelho, mas falará de uma forma mais simples.. da próxima vez.

onde estão os espelhos?

04 maio, 2008

colheita

você tem o mundo, muitas coisas e algumas mãos. as suas e outras próximas que te completam.você tem muita coisa ao redor, além das já casuais, e às vezes quase nada nas mãos. mas não faça essa cara de descrença agora, se deixe entender mais tarde e agora só escute. eu explico.

pois bem, e quando quer pegá-las, suas mãos - as duas ou algumas - não parecem o suficiente. você só não sabe como crescer e apanha-las, nem como diminuí-las ao tamanho da palma da mão... mas você tenta. e consegue colher algumas, as possíveis, as que tiverem ao alcance, ou as que você quer somente, e tenta ajustá-las nessa página.

e de repente elas crescem, tomam algumas proporções imprevistas... e das coisas que você acha ser insuficiente, você tira de lá exatamente o que precisa pra alcançar as demais.

e é da ausência do que dizer que vejo minhas mãos sem calos, vejo minha mãos caladas, sem coisa alguma. e no fim você vê que só precisa aguardar um pouco, colher o que pode, soma-las a você e crescer com elas... de pouco em pouco... na medida certa.

e isso foi o que eu alcancei hoje.

eu junto minhas mãos às suas e podemos alcançar o distante.

se existe uma fórmula, talvez seja essa.