26 maio, 2009

estafeta

não houveram estradas que não me custaram. as histórias que reconto só me provam que não estou mais a vivê-las e tão pouco elas me mostram quem eu sou, mas onde pude chegar. não queria diferente. acordo sossegado pois a sei que a trilha é outra agora, um novo compromisso que me faz sorrir.

há quem muito discorde da minha função honrada, pois são muitos os que não alcançaram a graça, da qual custa a minha jornada diária a buscar. mas ouvi o chamado e já não pude resistir à chance de me tornar quem eu nasci pra ser: um simples mensageiro.

hoje ando perambulando por aí com uma responsabilidade em minhas mãos. uma carta de um pai para um filho, uma história de amor. sobre eles há que se dizer.. uma contradição de vidas que até então os separa.

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comenta-se por aí a história de um filho. um filho que nasceu como uma idéia absurdamente maravilhosa. sua vida fora repletas de surpresas, das quais a primeira e mais surpreendente fora si mesmo, tanto que por muito ou todo o tempo se pegou fascinadamente a pensar sobre sua própria natureza. porém mesmo tão esperto, como uma das graças também concedida, não foi capaz de alcançar o seu verdadeiro valor e seu maior propósito, por isso levou a vida a se distrair com coisas qualquer.

fala-se também da história de um pai. um pai cujos os adjetivos existentes são incapazes de definir, por isso o máximo com que podemos referi-lo é a melhor palavra que existe, mesmo sabendo que isso é o mínimo da noção vaga daquilo que de fato ele é. tão pouco sabemos algo além daquilo que ele quis revelar, mas que é o bastante pro que precisamos entender e o suficiente para descobrirmos que se trata de alguém que muito amou.

o filho levava a vida, da qual apelidou de ‘própria’, sem saber (ou fingindo não saber) que ela se tratava apenas de uma idéia de alguém. escolheu seus próprios brinquedos, escolheu seus amigos, sua namorada, o modelo do seu carro, a sua universidade, o que achou suficiente para poder pensar ser o responsável por tecer toda a sua história. estava enganado.

o pai viu seu filho se afastar de tudo que era seu. quis que esse ‘seu’ fosse também dele, mas ele não o recebeu. deu aquilo que mais prezava para o bem de seu filho.. por amor. o filho não viu. não sentiu seu olhar. o presente passou despercebido. depois de demonstrar de todas as formas o quanto o amava, o seu filho continua a não se dar conta.

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preciso encontrá-lo afim de que ele saiba que o pai o espera todos os dias e assim não apenas garantir o seu retorno, mas lhe explicar que só há um caminho para voltar para casa.

essa carta é pra você.