27 abril, 2008

como páginas de um livro

difícil esperar a hora certa. difícil saber se a hora certa é mesma que o ponteiro marca no nosso relógio.. com algumas horas adiantadas.

e o infinito que se pensa ser a hora seguinte... e o minuto seguinte que nunca chega.

o final que nos cabe, que nunca se sabe e que se espera infindavelmente.

[o dia chegará e todos verão]

e saber depois de tudo qual a hora que a gente espera acontecer... qual o momento que acordamos todo dia pensando que será ali, naquele dia.. qual o dia marcado no calendário, que ansiosamente é folheado e todos os dias feito uma nova recontagem do quanto falta, do quanto ainda doerá... qual o segundo que pensamos que irá mudar a rota... pra sempre[??].

mas depois de um tempo que das esperas - de tantas delas (umas válidas e outras não) -, se vê que as coisas não mudam muito e as metas que traçamos são cada vez mais longínquas, pra que se tenha em quê se agarrar com tempo de validade cada vez maior.

até chegar ao ponto, onde não se tenha mais nada a esperar depois daquilo.

é como um livro, onde você espera exasperado pra terminar cada página e que por mais que você não agüente mais até chegar a próxima, o que importa de verdade é ultima e que depois dela só restam espaços brancos, conseqüentes daquele final. é quando o tempo e o espaço se interceptam de novo. um caminho até o final. você entende?

eu nunca gosto de pular as páginas e ver o que será depois. eu espero, com o coração apertado, mas espero. é a esperança com validade maior... a maior esperança é do que irá acontecer na ultima página.

eu já não espero o tempo da virada brusca... eu não espero o que um dia vai passar, pois não valerá tanta tempo aguardando... espero o ponto final do que se pode esperar e o que finalmente abrirá o caminho pra onde não se precisará mais de esperas.

é na linha final que meus olhos descansam. nas coisas eternas, não nas passageiras. na ultima página do livro.

e às vezes você está tão distraído que nem percebe e já é o ponto final. mas ainda vem o espaço em branco e por isso vale a pena esperar. garanto.




eu olho para o céu já são tantos os sinais
não sei pros meus dias ou pros meus filhos
pra todos os efeitos eu vivo preparado e em paz
eu to esperando a tua volta’

22 abril, 2008

alguém diferente

Das diferenças, soube sempre, era o que a atraía. Quando resolveu buscar um ser para ser, foi da estranha arte de inventar, procurar o que até então não se havia pensado, nem sido, que buscou. Da forma de se vestir, de falar, sobre o que falar, escrever... não quis nada usado. Quis algo limpo, novo, seu.

Do amo fez também suas idéias.

Das dores, cores, livros, encantos..

Mas de nada havia isso de novo, pensou. Mesmo que ousasse um novo movimento, nada que fizesse fugiria dessa imagem enquadrada, preconcebida. Uma mesma fôrma. Talvez tudo já tivesse sido pensado antes, não se havia nada mais a se criar, até porque já se faz tanto tempo desde tudo.

Logo ela, que fugia de qualquer imagem tachada, achou que lá de cima talvez todos não fizesse lá muita diferença. Por mais que todos se podassem[ e se podam], reparassem os excessos [e reparam], seriam todos de uma mesma fôrma. De fato talvez não tivesse nada de muito novo pra apresentar.

Mas um dia ela encontrou alguém diferente. E foi ele o esperto que pensou antes de todo mundo. E realmente, o melhor já tinha sido inventado.