não gritaria aos quatro ventos minhas mágoas. nem que fossem quinze, três e meio, sete ventos. nem que eu apenas suspirasse, ao invés de gritar. não esperaria que o vento se arrastasse levando minhas frustração na direção que eu penso justa. ele pode simplesmente não se dar por satisfeito e correr na direção contrária, trazendo tudo de volta. não adianta varrer pra de baixo do tapete.
você sabe o momento que custou, que se deu demais, esperou, perdeu o ar, o chão, a fala, a hora. lembra que se encostou num canto qualquer se apoiou em qualquer coisa, se condicionou a outras, esperou respostas..
[...]
a criança já andava. começou com alguns arrastados que de leve pareciam meio toscos, era sua forma de improvisar, soava bem a uma grande tentativa. logo começou a engatinhar, mesmo que carregasse em seu coração [tão inexperiente] a vontade de correr, pular, desfilar, mas teria muito que aprender e ousar. mas mesmo a uns bons tombos conseguiu, mesmo que insegura, dar seus primeiros passos. já tinha experimentado tudo isso.. superado isso tudo. o importante é que agora ela andava. e a criança tinha aprendido, mas talvez porque era realmente necessário, outro motivo ao certo não se sabe.
vou te dizer. era imprescindível mesmo. mas ela não iria faze-lo só. ela tinha um pai. ele tinha uma filha. e era mais que isso que os uniam. existiam um amor que olhos não entendiam.
sabe, a criança, como qualquer outra, tinha em seu pai aquele algo superior. e ele realmente o era. ela andava... com ele ao seu lado e andava.. pegava no cós de sua calça e andava. esse simples gesto fazia a sua diferença, pois quando segurava em seu cós podia ver o que se passava ao seu redor tranquila, pois sabia que ele estava ali. eram muitas as coisas que se passavam, eram várias as cores e tão atrativas, era tanta beleza externa, tantas coisas que se atreviam em seus olhos. mas seria arriscado demais trocar a segurança do cós pra poder tocá-las, experimentá-las, ver o que por dentro era. que gosto teriam? mas ela deveria ficar ali. não correr o risco de perdê-lo de vista. poderia não saber mais como voltar. ela tocaria somente no que seu pai lhe desse. e você talvez não saiba, mas eram nessas coisas que se encontravam a verdadeira beleza. era ali que existia. secretamente.
[quando eu me sinto insegura é porque soltei o cós]
Ah! há muitos que vocês precisam saber
vai um amor novinho aí? em grandes porções..
2 comentários:
adorei esse!
preciso colocar um no topo, o que eu acho o melhor.
e por enquanto esse alcançou o n° 1!
;)
é, e me sinto tão insegura, justamente por ter soltado o cós.
SAUDADE absurda.
mas é engraçado como lendo o que você escreve me sinto mais perto, não sei como. só sei que sinto.
se cuida.
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